The Boomerang, e o que eu entendo sobre Fluidez – por Myra Hirano

The Boomerang é um exercício do Mat Pilates, técnica criada por Joseph Hubertus Pilates. Este é um exercício de nível avançado, que se encontra bem pro final da sequência de seus 34 exercícios descritos em sua única obra sobre o Mat, chamada Return to Life – Through Contrology. 

Bem divertido, porém um pouco complexo, esse é um dos exercícios que mais desafia o controle corporal na minha opinião. Sempre penso que a fluidez, de uma forma geral, vai surgindo na medida em que conseguimos dominar a sequência que estamos executando. Era assim quando eu era bailarina e tinha que decorar uma coreografia. Ela só saia fluida depois que eu tinha domínio de sua sequência e logicamente do meu corpo, dos meus movimentos. Vejo que muitas pessoas confundem o princípio denominado Fluidez no Método Pilates. A maioria acredita que seja definido como um movimento suave, ou seja, fazer o exercício de forma lenta ou ainda movimentos graciosos como de uma bailarina. Eu mesma pensava assim no passado, até conhecer a linha Clássica, que prioriza bastante este princípio e me mostrou uma visão um pouco diferente.

Como já disse aqui no Blog em outro post, não foi o Joseph que denominou estes princípios, eles foram identificados a partir de sua obra e registros como vídeos e fotos existentes e  posteriormente inseridos na didática de ensino da técnica de Pilates.
Hoje, depois de muito estudar, praticar e principalmente assistir este material, entendo que Fluidez seria uma comparação com a bailarina sim, mas não em relação a leveza e graciosidade de seus movimentos e sim comparado à seu domínio e controle corporal. Uma coreografia/sequência realizada de forma contínua, com ligações entre um movimento e outro, sem pausas, sem robotizarmos os movimentos que o nosso corpo nos permite fazer, seria a grande chave para encontrar a Fluidez no Pilates.

O Boomerang é um desafio, pois por si só já é uma coreografia. Ele é a combinação de vários movimentos e trocas de posicionamento do corpo. Podemos até dizer que seria uma combinação dos exercícios The Roll Over with Legs Spread, e uma lembrança do Rolling back, The Neck Pull e do famoso The Teaser, acompanhados de mais alguns elementos. Complexo mesmo, né?
O curioso é que existe uma divergência na execução desse exercício. Independente da linha , Clássica ou Contemporânea, sempre vi e aprendi o exercício Boomerang executado com uma pequena pausa na transição da posição deitada para sentar. Uma pausa na posição 3 da Foto abaixo, que se parece com a postura do The Teaser.

Página do livro Return to Life de Joseph Pilates.

Acontece que ao ver os videos do Joseph Pialtes de uma coletânea de duração de uma hora que eu comprei da elder Mary Bowen, eu me deparei com o Joseph mostrando o exercício Boomerang para um aluno de forma diferente de todas as performances que tinha visto e que me ensinaram até então (Vídeo A). Fui correndo ao Livro Return to Life para checar. E….voilà! Joseph em sua descrição detalhada não menciona qualquer pausa ou alongamento extra na pose de número 3 do livro. Além disso fiquei pensando se não confundiram a foto, que é uma imagem congelada com uma pausa, perdendo assim a fluidez, ou ainda se o Joseph usava as duas formas. Porém a forma documentada só encontrei esta, bem mais fluida, com uma certa ênfase no alongamento da coluna quando atinge a posição sentada (última foto desse exercício no seu livro) e uma troca de pernas bem definida.

Então, cheguei a conclusão de que o que eu conhecia até aquele momento era uma variação (Video B). Exceto em uma lembrança do Workshop do Benjamin Degenhardt, que ouvi e fomos orientados por ele para não pausarmos na passagem e deixarmos o movimento do exercício Boomerang ser mais fluido e contínuo, como seu próprio nome sugeria (aquele brinquedo que vai e volta devido ao seu shape em “V”).

Diante de tudo isso comecei a analisar qual forma me agradava mais dentro da sequência e em qual eu achava mais sentido em relação aos exercícios que o antecediam e aos seus sucessores também.
Observei primeiro os exercícios anterioires. The Boomerang é o 28º da sequência, os 5 exercícios antes dele são de exigência e foco nas extensõs da coluna vertebral. Por outro lado, me parece que o Boomerang veio para abrir uma fase de flexões da coluna e massagem da mesma, através do rolamento da coluna em forma de “C” no chão, acompanhado dos exercícios  The Seal e The Crab.

Fazer o Boomerang da forma que vi o Joseph en persona realizando no vídeo (Vídeo C), e pensando na descrição de seu único livro, fez com que eu achasse mais sentido com relação a sequência e também ir de encontro a um novo foco e principalmente a fluidez, que estava um pouco perdida pra mim ao pararmos na posição de Teaser para alongarmos e mudarmos o foco mais pro abdomem.

Eu fico com essa versão mais fluida, agora me sinto até um boomerang de verdade haha.

E vocês, pilateiros? Qual versão vocês preferem? A do registro em vídeo e livro do Joseph Pilates ou a variação conhecida nos dias de hoje? Vocês acham que ele usava as duas? Deixe um comentário e vamos praticar!

Lembrem-se de somente praticar Pilates sob a orientação de um profissional capacitado. É o seu corpo, a sua saúde. Cuide-se!
Um bom retorno à vida a todos!

Myra

IG: @myrapilates

* Contribuiu para informações sobre o exercício The Boomerang – Tatiana Trivellato (IG: @tatitrivellato. Site: tatianatrivellato.com.br)

6 comentários em “The Boomerang, e o que eu entendo sobre Fluidez – por Myra Hirano

    1. Oi Monique, obrigada por comentar aqui! Os vídeos do Joseph são acelerados em 2x. Dá pra ver que ele tá um pouquinho mais rápido que eu, até pela velocidade das mãos dele a gente consegue comparar. Os vídeos são antigos. Você já tinha tentado as duas versões? Deixe sua opinião sobre o que prefere, vou adorar trocar experiências com você. Beijos Myra

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  1. Não tinha parâmetros antes para analisar esse exercício! Uma vez que o curso q fiz em 2005, no Rj era considerado neoclássico, e na época a versão proposta foi aquela com pausa no “Teaser”. Ainda não tinha feito a versão proposta no vídeo original de Joseph.
    Mas, após ler sua matéria e testar o exercício, percebi a diferença entre eles. E realmente, a versão contínua gera a fluidez de fato. Gosto de deixar registrada a minha profunda admiração por seu trabalho! E fico muito feliz por poder aprender mais com vc sobre Pilates!!! Parabéns 😊😉😘

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  2. Comecei a ler seu blog de trás pra frente visto que não consegui acompanhar os posts desde o começo. Esse, por enquanto, é meu post favorito.
    Faz todo sentido do mundo fazer o Boomerang de maneira fluída! Acredito que a pausa em Teaser veio da interpretação da foto realmente, por ter sido a Teaser identificada e super valorizada, deixando o movimento mais gracioso e belo como vc disse na interpretação que tinha anteriormente sobre a fluidez.
    E sobre sua análise da sequencia dos exercícios que antecedem e os que seguem o Boomerang, parabéns! Refletir e estudar é o que nos torna profissionais melhores, devemos seguir seu exemplo e nos dedicar mais a essa parte da prática da arte. Tem gente que não “acha tempo” pra treinar pq dá muitas aulas, imagina então estudar, não é mesmo?! Enfim, obrigada por ser uma facilitadora nessa questão, trazendo à tona essas reflexões.

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    1. Nathy querida, fiquei super feliz de ver um comentário seu aqui no Blog! Obrigada por dar sua opinião e participar por aqui. ❤️🙏🏼 Fico mais feliz ainda de saber que gostou desse texto e ele foi útil para você. Adorei a suas observações que deram uma espécie de continuidade para meu texto, como se estivéssemos conversando e pensando juntas. É extremamente gratificante sentir isso!!! Realmente nós precisamos nos dedicar em todos os sentidos, a Contrologia é um Método muito complexo, é preciso prática e estudos constantes. Um tesouro que temos nas nossas mãos, não é mesmo? Quero que volte mais vezes e comente sempre que quiser, isso enriquece o meu trabalho e objetivo quando criei esse Blog, levar conteúdo de qualidade e incentivar as pessoas a estudar e pesquisar. Gratidão gigante e um beijo carinhoso pra você!

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